Política, pandemia, sobrevivência: Frostpunk é um game obrigatório
Tem jogo que mexe com a gente.
Frostpunk fez isso comigo. E palpito aqui que provavelmente vai mexer com você também, ainda mais porque tem tudo a ver com o que estamos vivendo. Em tempos de Pandemia de Covid-19, este game da talentosa polonesa 11 Bit Studios merece ser jogado imediatamente –seja no PC, no Xbox One (Game Pass), ou no PS4. Ele traz reflexões bastante pertinentes para a nossa atual situação. Embora a ameaça não seja um vírus, mas o frio, inúmeros paralelos do jogo podem ser traçados com nossa atual realidade.
Trata-se é um jogo de sobrevivência que mescla brilhantemente política e escolhas morais com mecânicas de gerenciamento de recursos, e isso que faz dele único e marcante. Em nome de um bem maior, eu tomei decisões bizarras — que vão totalmente contra os meus princípios — para sobreviver. E o pior? Deu certo.
Em Frostpunk, você é o líder de um grupo de pessoas que luta para sobreviver a um mundo congelado. Começa uma cidade ao redor de um gerador, capaz de gerar algum calor, inserido em uma cratera no meio da neve. Deve prover comida, moradia, aquecimento, saúde e esperança, além de afastar o descontentamento para não ser deposto.
Os aspectos psicológicos são a marca registrada da 11 Bit (autora do incrível This War of Mine), e é neste aspecto que Frostpunk mais brilha. Conforme você avança no jogo, criará leis para moldar o funcionamento da sociedade que está nascendo. Que tal autorizar trabalho infantil para ocupar as estações de produção de comida? Ou autorizar usar restos dos mortos para acelerar a produção de alimentos? Ou, ainda, criar uma lei que permite às pessoas duelarem até a morte para prover diversão aos outros cidadãos?
Tudo pode parecer estapafúrdio asim solto, mas o contexto hostil do game me fez autorizar diversas dessas práticas na minha sociedade. E essas decisões têm consequências — tanto nas mecânicas do jogo quanto na sua própria consciência. Trabalho infantil, Paulão? Sério mesmo?
Glória à Deus ou Ditadura Militar?
Em um determinado momento, a coisa fica ainda mais elaborada: surge um grupo de dissidentes de seu governo que começa a causar problemas para a sua administração, aumentando a insatisfação, roubando mantimentos e outras coisas mais. E aí, como lidar? As principais ofertas do jogo são: militarizar sua gestão; ou partir para a religião. Eu pessoalmente não simpatizo com nenhuma das opções. Mas a galera ia morrer de frio e de fome, o caos se espalharia se eu não controlasse o pânico… Bora abrir uma igrejinha.
Muitas horas de jogo depois, terminei minha aventura com saldo positivo: acolhendo muitos refugiados, passamos dos 80 iniciais a 608 sobreviventes. O resultado foi uma sociedade altamente religiosa, com procissões e cultos diários, um pouquinho de violência templária, muitos robôs trabalhando nas minas, tecnologias de próteses para reparar amputações por congelamento, mortos acumulados numa vala comum e utilização de seus restos como adubo; e uma pitada de trabalho infantil – mas tudo bem vai, só nas profissões mais seguras…
Oh, Paulão, o que você fez?
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